Recolho, traduço e colo com permiso da sua autora, Cori Piccirilli, anarquista, artista, insurreta, tinta e pólvora nas suas veias (os desenhos som tamém dela)
Hoje escrevo versos sem poder achegar-me ao verbo exato, procurando palavras que atravessem as paredes, as derrubem, te estremeçam, invocando às almas bondosas e a nobre luita.
Anarquismo não é uma simples teoria para um futuro, não deve ficar dormitando nos livros, nos acordes dalgumas cançons, nem nas súplicas de reformas que se estoupam contra a nada.
As pessoas parecem incapazes de ir para além da superfície, não são capazes de ver a origem de todos os males, contentam-se com medidas imediatas e fugazes -que podem significar um alívio, claro- mas que este despiadado sistema e seus súbditos aniquilarám sem pestanejar, em lugar de organizar a sua comunidade.
E eu que não! Que não podo suportar um minuto mais diante a violência intrínseca do aparelho estatal e te pido que não sejas cúmplice do sofrimento do teu povo e de seus sonhos violados, das mortes, do despojo e da tristeza, não sejas covarde nem egoista, não fagas parte desse culto da felicidade baixo os like e as aparências.
O céu do Império Capital parece a cada dia mais escuro, o ambiente carregado de ódio e violência. Caçadores trás de sua presa abrem as suas fauces sinistras, botas apertando nossos corpos dificultando-nos respirar, rostos secos e de fame assomam-se detrás das portas, vagos fumes que emergem das choupanas diluem-se entre meus dedos porque quando vai frio, aqui vai mais frio ainda, em todos lados se observam improvisadas fogueiras e potas apanhando corpos e ialmas, e as autoridades em lugar de conceber formas e meios para alimentar às famentas só agravam as suas condiçons.
Esta enruga do tempo, este século tam cheio de raiva mas com poucas propostas precisa mais responsabilidade individual e revolucionária, requere-nos ativas e em fraternidade.
Voltairine de Cleyre digera alguma vez “A liberdade de expressom não significa nada se não significa a liberdade para dizer o que outros não querem ouvir.”
Eu te digo Que importa a condenaçom eterna?! É preferível à liberdade amordaçada. Não vou calar para sobreviver! Prefiro converter-me numa pária exilada ou ficar tras das reixas, silenciar o alma jamais!
Anarquismo é ilegal ou não o é!!, sê desobediente, fermosamente desobediente. Procura sempre aproximar-te à ideia mas não só com a inteligência senão com ânsias apaixonadas e latejos vibrantes nas tuas mãos e nos teus atos.
Quando a vida se volta sinuosa há que traçar novas folhas de rota para voltar a casa à anoitecida.
Nada se opom à noite e há que manter viva a brasa, arroupa-la.
Pronto amanhecerá. (A)