

Colo acá traduzido o seguinte texto publicado polo extinto Colectivo “Nuevo Proyecto Histórico” anarco argentino

O primeiro de maio nom é nenhuma festa do trabalho, como nos fai crer a litúrgia do movimento operário reformista fordista ou a mesma Igreja ou, incluso, certos partidos da esquerda anacrónica. Se há algo de festivo é contra do trabalho posfordista. Abolir a forma assalariada do trabalho nom é uma ingenuidade anarquista, nem o mito do bo salvagem. Assim como o trabalho é o motor central da história, que permitiu dominar a natureza e modificar as nossas próprias capacidades, agora devemos liberar-nos da penúltima escravitude, do trabalho assalariado, como uma necessidade de supervivência do movimento. O Capital-Parlamentarismo é o momento histórico no qual esta contradiçom tem a possibilidade de ser superada. Deve ser uma jornada similar a uma greve salvagem, um dia antagonista.
Todas máis ou menos conhecemos a história. Primeiro de Maio de 1886. Um jornal de Chicago informa: “Nom saía fume das altas chaminés das fábricas e ateliês; e tudo tinha um ar dominical”. O Philadelphia Tribune escribira: “Ao elemento operário picou-no uma espécie de tarántula universal… toleou”. Em Detroit, 11.000 operçarios marcharam num desfile de oito horas. Em New York, uma marcha com fachos de 25.000 operários passou como torrente de Broadway a Union Square; 40.000 figeram greve. Em Cincinnati, um trabalhador descreveu o comício inicial: “So levamos bandeiras vermelhas… a única cançom que cantamos foi Arbeiters Marseillaise… um batalhom operário de 400 rifles Springfield encabeçou o desfile. Era a Leher und Wehr Verein, a sociedade protetora e educacional de operários aguerridos…. Todos agardávamos violência, suponho”. Em Louisville, Kentucky, mais de 6.000 trabalhadores, pretos e brancos, marcharam juntos polo Parque Nacional violando deliberadamente o edito que proibia a entrada de gente de cor. Em Chicago, o baluarte da rebeliom, quanto menos 30.000 operários figeram greve. Todos os trens pararam, os currais de gando pecharom, os peiraos estavam repletos de barcaças cheias de carrega. Aos líderes conservadores empurráro,-nos á periferia. Uma grande coluna de proletárias e famílias, em roupa de domingo, encheu a avenida Michigan. Um incidente crítico aconteceu na fábrica de McCormick Reaper. Os patrons pecharam a fábrica desde mediados do verám aos operários sindicalizados e a polícia acudia a diário com grupos de fura-greves.
Em 2 de maio o companheiro Spies, esgotado, presentou-se para dar um dos seus muitos discursos diante os trabalhadores reunidos no campo. Mentres um grupo de 6.000 ou 7.000 operários escoitava, uns quantos centos foram a confrontarse contra os fura-greves que nesse momento saiam da fábrica do “Arbeiter Zeitung” : “De súpeto, ouviram-se disparos perto da fábrica de McCormick e mais ou menos setenta e cinco assassinos robustos, grandotes e bem comidos, ao mando dum tenente gordo de polícia, passaram, seguidos por tres vagons cheios de bestas da orde pública. No meio duma batalha de pedras dos operários e as balas da polícia, os operários de súpeto dispersáram-se e fugiram. Nas costas estourárom-lhe balas. Quanto menos dous trabalhadores cairam mortos; muitos ficaram feridos, entre eles muitas crianças”. Em cousa de horas um volante, escrito polo iracundo Spies, circulava nos tugúrios da classe operária. “OPERÁRIOS, ÁS ARMAS!!!”; proclamava: “Os seus amos dessatarom os seus sabujos (a polícia) e mataram seis dos nossos irmáns em McCormick esta tarde. Mataram aos desafortunados porque eles, coma vos, tiveram o valor de desobedecer a vontade suprema de seus patrons…. Alçaram-se em massa, como Hércules, e destruirám o nefando monstro que busca destruir-lhes. Ás armas, chamamos ás armas!”.
Ao dia seguinte, em 3 de maio, o medre da greve era “alarmante”. No movemento participavam mais de 340.000 operárias por todo o país, 190.000 deles em greve. Em Chicago, 80.000 faziam greve. Quando centos de costureiras se lançaram ás ruas para sumar-se ás manifestaçons, o Chicago Tribune publicou: “Amazonas bravas!”. Neste momento candente, o “Arbeiter Zeitung”(1) figera um chamamento á luita armada, como sempre o figera, salvo que agora tinha um claro tono de urgência: “O sangue verquiu-se. Aconteceu o que tinha que acontecer. A milícia nom estivo a adestrar-se em vam. Ao longo da história, a origem da propriedade privada foi a violência. A guerra de classes chegou… Na pobre choupana, mulheres e crianças cubertas de retalhos choram por seus homes e pais. Nos paços brindam, com copos cheios de vinho custoso, pola felicidade dos bandidos sanguentos da orde pública. Séquem as suas bágoas, pobres e condenadas: anímem-se escravos e tumbem o Sistema de latrocínio”. Nas salas de reuniom de proletas, rugim intensos debates; o tigre Capitalista efeivamente atacara e miles debatiam como respostar. Aparentemente, importantes facçons queriam uma insurreçom. Convocou-se uma reuniom popular na praça Haymarket para a noite do 4 de maio. Preocupados pola possibilidade duma emboscada, os organizadores escolheram um lugar aberto e grande com muitas rutas de escape. Depois duma acalorada desputa, Spies convenceu aos organizadores de Haymarket de que retiraram o seu chamado a um comício armado e que, no seu lugar, celebraram a reuniom co maior número de assistentes possível.
A manhã do 4 de maio, a polícia atacou uma coluna de 3.000 grevistas. Por toda a cidade se formaram grupos de operárias. Ao atardecer, Haymarket era uma das muitas reunions de protesta, com 3.000 participantes. Os discursos seguiram, um tras outro, desde a parte de atrás dum vagom. Ao começar a chover, a reuniom disolveu-se. De súpeto, quando só ficavam 200 assistentes, um destacamento de 180 polícias, fortemente armados, apresentou-se e um oficial ordenou dispersar-se. Respostaram-lhe que era um comício legal e pacífico. Quando o capitám da polícia se volteou para dar-lhes ordes aos seus homes, uma bomba estoupou nas suas fileiras. A polícia transformou a Haymarket numa zona de fogo indiscriminado, descarregando salva tras salva contra a multitude, matando várias pessoas e ferindo 200. No báirro reinava o terror; as farmácias amoreavam-se de feridas. A classe dominante usou este incidente como pretexto para dessatar a sua planejada ofensiva: nas ruas, nos tribunais e na imprensa.

Os jornais, em Chicago e por todo o país, volvéram-se tolos. Demandaram a ejecuçom instantânea de tudo subversivo. Os cabeçalhos bramavam: “Brutos sanguentos”, “Rufiáns vermelhos”, “Ondeam bandeiras vermelhas”, “Dinamarquistas”. O Chicago Tribune escribiu em 6 de maio: “Estas serpes quentárom-se e alimentarom baixo o sol da tolerância até que, ao final, se encorajaram para atacar a sociedade, a orde pública e o governo”. O Chicago Herald do 6 de maio: “A chusma que Spies e Fielden incitou a matar, nom som americanos, som a fez de Europa que veu a estas costas para abusar da hospitalidade e desafiar a autoridade do pais”.
Em 5 de maio em Milwaukee a milícia do Estado respondeu com uma massacre sanguenta num comício de trabalhadores; balacearam a oito operários polacos e um alemám por violar a lei marcial. Em Chicago, um operativo encheu os cárceres de miles de revolucionários e grevistas. Para descrever os interrogatórios, alguns historiadores usaram a palavra TORTURA. Os grupos de caça usaram listas de subscripçom. Entraram á força em salas de reuniom e casas, destruiram imprensas operárias. Arrestaram a toda a equipa de imprenta do Arbeiter Zeitung. A polícia exibiu todas as provas que se precavira de atopar: muniçons, rifles, espadas, porras, publicaçons, bandeiras, faixas agitadoras, chumbo a granel, moldes de balas, dinamita, bombas, instruiços para fabricar bombas, campos subterráneos de tiro ao branco… A imprensa fiz muito escándalo sobre cada descobrimento. Fronte a esta salva de ataques, a greve geral desintegrou-se. O liderado dos trabalhadores de inclinaçons revolucionárias estava nas poutas da burguesia.
A classe dominante abriu um gram jurado em Chicago a meiados de maio. A acusaçom: assassinar um polícia que morreu em Haymarket.
Vários dos acusados eram membros prominentes da IWPA: August Spies, Michael Schwab, Samuel Fielden, Albert R. Parsons, Adolf Fischer, George Engel, Louis Lingg e Oscar Neebe. Evidentemente, o juíço foi um linchamento legal. O juíço celebrou-se sem nenhuma prova da participaçom no incidente da bomba. Só dois dos oito acusados estavam presentes na reuniom onde estaoupara. Julgárom-lhe polo crime de dirigir aos oprimidos, nem mais nem menos.

Resumindo os seus princípios revolucionários diante o tribunal, Spies concluiu com estas suas palavras: “Bem, estas som as minhas ideias…. se vostedes se pensam que podem borrar estas ideias que estám a ganhar mais e mais partidárias co passo de cada día, se vostedes se pensam que podem borra-las aforcándo-nos, se uma vez mais vostedes imponhwem a pena de morte por atrever-se a dizer a verdade… eu reto-lhes a amossar-nos quando mentimos, digo, se a morte é a pena por declarar a verdade, pois, obriga de pagamento com orgulho e desafio o alto preço! Chamem ao verdugo!”. Lingg, de 21 anos, cuspiu com desafio: “Repito que som inimigo da ‘orde’ de hoje e repito que, com todas as minhas forças, mentres tenha alento para respirar, a combaterei… Desprézo-lhe. Desprezo as suas ordes, as suas leis, a sua autoridade apontoada pola força. Afórquem-me por isso”. Os sete foram condenados a morte.
Jurdiu um gram movemento para defender-lhes; celebraram-se reunions por todo o mundo: Paisos Baixos, França, Rússia, Itália, España e por todo Estados Unidos. Na Alemanha, a reaçom dos operários sobre Haymarket perturbou tanto a Bismarck que proibiu toda reuniom pública. Ao se aproximar o día da ejecuçom, mudaram a sentença de dois dos condenados a cadeia perpétua. Louis Lingg apareceu morto na sua cela: un fulminante de dinamita voou-lhe a tapa dos miolos. Nom se sabe se isto foi um ato final de desafio; nom tanto, rumorava-se que lhe iam suspender a ejecuçom, assim que é provável que a sua morte fosse um assassinato.
Em 11 de novembro, denominado logo o “venres negro”, foi o día programado para a ejecuçom. Os jornais de Chicago vibravam com rumores de que ia estoupar uma guerra civil nas rúas. O meio milhom de pessoas que assistiram ao cortejo fúnebre era testemunha de que o nerviosismo da burguesia estava justificado. E parece que se propugeram plans de atacar o cárcere. Nom tanto, os condenados figerom que seus companheiros prometeram nom levar a cabo tais “atos temerários”. Ao mediodía, quatro homes (Spies, Engel, Parsons e Fischer) apressentaram-se diante da forca, com togas brancas. Spies falou, mentres cubriam sua cabeça coa carapucha: “Chegará um tempo em que o nosso silêncio será mais poderoso que as vozes que vostedes estrangulam hoje”. Parsons berrou: “Permita-me falar, sherif Matson! Que se oia a voz do povo…”. O nó corrediço apertou-se silenciando-lhe.

Dada a genealogia, o 1º de Maio nom deve ser entendido nem como o día do Trabalho, nem do Trabalhador, ilustres feriados impostos por Hitler e Stalin, senom jornada de loito e reprimenda, de rebeliom e valorizaçom popular. O 1º de Maio é o día do rejeite ao trabalho. Festa, pode ser, pero revolucionária. Os lemas que uma e outra vez apareciam nas faixas e insignias do 1º de Maio: os Tres oitos (oito horas de trabalho, oito horas de esparegemento, oito horas de sono), “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” e “Trabalhadores de todo o mundo, unide-vos!”, estavam circunscriptos ao operário semiprofissional e artesanal da época. Nom tanto, tras eles estava algo mais grande e menos definível, marcas do instinto social da multitude, tipificado polos dous símbolos que, á margem da velha iconografia reformista e stalinista, sobreviveram mais duradeiramente: a bandeira vermelha e o sol nacente da utopia constituínte.
(1) NOTA.- O Arbeiter-Zeitung foi um jornal anarquista escrito em alemão, criado em Chicago em 1877 polos veteranos da grande greve de ferrocarrís desse ano. Fora o primeiro jornal da classe operária em Chicago que se mantivo em ativo durante um periodo sinificativo de tempo, financiado graças ás achegas das leitoras. Nas revoltas de 1886 as oficinas do jornal foram assaltadas e os seus discursos e escritos foram utilizados como provas principais para colgar os autores anarquistas. O editor do jornal August Spies e um tipógrafo deste, Adolph Fischer, foram ejecutados na histéria posterior ás detençons. Quem era gerente do jornal Oscar Neebe e o assistente do jefe editorial Michael Schwab foram sentenciados a morte, ainda que mais tarde foram indultados.