Arquivo mensal: março 2022

Ardentía (1×5), um novo programa das “Amigas da Serpe” do que participei muito gostoso.

Tal coma advertira numa entrada recém -onde dim pulo aos programas já emitidos polas Amigas da Serpe na Rádio Roncudo de Corme-, este gajeiro, vem de participar ao vivo coma convidado do seu programa nº 5, onde abarcamos temas de atualidade: a Velha Europa em decadência … sua Xenofobia … o Pensamento Unico … as Campanhas Mediáticas do Medo… a OTAN coma maior grupo Terrorista … as outras guerras … o Capitalismo Energético … Fascistas modernos levam traje e gravata e estám nos postos de gerência das multinacionais…

Mas sempre chega a Primavera e

Arde o Mar, Arde a Vida,… ARDENTÍA !!.

Colo acá o aúdio para sua escuita:

Clicade acá se queredes descarrega-lo

Aproveito para agradecer, de novo, o convite das Amigas da Serpe para aprticipar com elas na elaboração e emissão deste programa sobre a atualidade e onde nos ficarom muitas mais coisas por dizer.

Espero voltar pronto a participar ainda há muita lenha por queimar

Arde o Mar, Arde a Vida,… ARDENTÍA !!.

A desigualdade no mundo leva-se a vida duma pessoa a cada quatro segundos x Cori Piccirilli

Não é a primeira vez que traduço um texto de Cori Picirilli nesta minha bitácora; crio que é uma das escritoras anarquistas mais brilhantes à hora de refletir em palavras os pensamentos que nos unem a muitas anarquistas de tudo o mundo. Desta volta fai um alegato contra da fame no mundo assinalando com muito acerto às causantes da mesmas e à vez anima a seguir na luta:

FAME….

Que sabem da fame os que te mandam a trabalhar em condições de precariedade, exploração e insalubridade extrema? Que sabem da fame os que te mandam a estudar, a concentrar-te, raciocinar e aprender quando a fame te devora a carne até o tutano e a alma? Que sabem da fame e da pobreza, das penúrias, do valor dum minuto – sua fugacidade, sua eternidade -, os adoradores dos TEAM disto e aquilo se nunca tiveram que pernoitar à intempérie num gélido inverno sem uma manta nem um prato de comida quente ou não tiveram que suportar 50° de calor amoreadas em choupanas inabitáveis sem água potável, entre a cólera, o dengue, o chagas ou a malária? Que sabem os empachados, empanturrados de cinismo, com seu ego inflamado, do desespero, da paciência, do tempo, do esforço e da acalma, se nunca lhes tiraram o pão da boca – apenas migalhas que não saciarám nem a fame nem a sede – para dar de comer às suas crianças? Que sabem das lentelhas que já não há na pota, da polenta seca e insípida que se embola nos estômagos vazios, dos buracos nos sapatos, da roupa húmida, de não poder dormir da fame que nos dói furiosa no corpo e o entumecimento das mãos e dos pés molhados e gelados, da erva secada ao sol, da saudade dos beijos no pão quando já não há nem pan… só apenas um chá mate aguado ou aguapanela para enganar ao corpo um momento e nem isso, das miradas da fame refletidas em todos e a cada uma das rasgadas pola existência, desta guerra diária e quotidiana que nunca sai nos noticieiros nem nas primeiras planas dos diários, da fame notória no Iémen, Etiópia, Sudão do Sul, Nigéria, Guatemala, Haiti…?  Que sabem?

Uma fame de semanas punça-me até a alma, sento fame, fame de justa justiça. Conhecemos a fame, estamos acostumados a conviver com a miséria, desde cativas. E, às vezes, pode-se negociar com ela; não é nada agradável, devemos cruzar o rio, sempre o mesmo endemonichado rio. Mas há uma fame repetida e quotidiana que não sacia os corpos do mundo, um infinito mar que não pode com ela. A cada 4 segundos uma pessoa morre de fame e a cada dia, no mundo, 25.000 pessoas por causas relacionadas com a fame. Não é uma cifra, não são números, não é algo que deva passar inadvertido. São seres humanos!

Segundo um Relatório da OXFAM (confederação internacional formada por 19 organizações não governamentais, que realizam labores humanitárias em 90 países) “Estima-se que 5,6 milhões de pessoas morrem a cada ano por falta de acesso a serviços de saúde em países pobres. A fame mata, coma mínimo, a 2.1 milhões de pessoas cada ano.”

As desigualdades contribuem atualmente à morte de perto de 25.000 pessoas ao dia; dito doutra maneira, à morte duma pessoa cada quatro segundos – UMA PESSOA acada 4 SEGUNDOS! – por causa da fame e da pobreza extrema ou por problemas relacionados com as mesmas.

Quantas pessoas terão morto para quando termine de escrever estas linhas com o sangue das explotadas e marginadas? Não há dor explicável, nem palavras, não existe forma alguma de assimila-lo. Aversão, náuseas, vertigem. Insondável dor, sangue do nosso sangue exterminada. Sou todo vísceras e raiva.

A riqueza mundial concentra-se tão só em 26 pessoas e a brecha entre ricos e pobres aprofunda-se dia a dia a passos agigantados. A razão é uma sozinha: as políticas dos governos do mundo favorecem a esses capitais em detrimento das pobres.

A desigualdade, naturalizada pola maioria da sociedade, é a pandemia. E não é algo novo, carcome os corpos invisibilizados nas margens, enquanto o resto da povoação corre imersa no seu ego individualista. Nestes últimos anos o vírus fix visíveis muitas coisas, para quem não o tiveram olhado duma outra maneira; como se fosse uma besta do Apocalipse, desenmascarou as pragas sociais que excedem as fronteiras impostas polos poderosos; pobreza, fame, amoreamento, marginação, falta de recursos básicos como a água potável, crimes contra outras culturas, deslocações forçadas… e um sem fim de etcéteras.

Mas a luta contra a desigualdade não é só uma questão tecnocrática. As desigualdades matam! A desigualdade extrema está profundamente relacionada com as hierarquias de poder, os ejecutivos, as grandes arcas e paraísos fiscais por trás das multinacionais, instituições, a cultura e a política. Num enfoque clasista e seitorial abordará unicamente a ponta do icebergue. Para fazer frente de maneira significativa à desigualdade económica e social requerem-se mudanças mais holísticas e de calado mais fundo, no social e económico para a consecução dos direitos humanos. Pois, é impossível um desenvolvimento natural e espontâneo da personalidade humana num sistema que tem sua raiz na exploração. Por conseguinte, não se deve lutar tão só por hoje senão para sempre. Há que avançar o mais possível para um estado de coisas que deixem uma livre circulação de bem-estar e humanidade. E o único caminho viável que pode conduzir do ar mefítico das condições atuais ao ar livre é acabar com o Estado e o Capital – libertar do Capitalismo à economia, libertar do Estado à sociedade – onde a abolição de todas as classes, a horizontalidade, a autonomia, a autogestão e socialização dos meios de produção sejam o objetivo final. – Ou quanto menos achegar-nos o mais humanamente possível para esse estado de coisas –

Enquanto muitos passam-se discutindo sobre questões futilíssimas e perdem-se em pântanos do legalismo; a nós -Anarquistas- é-nos indiferente se governam cum punho de ferro ou se o jugo de chumbo quem nos oprime -e oprime até o alma- por trás do sorriso malévolo e mesquinho do vil poder burgués utiliza palavras doces e pregona seus encantos podres de sereia especulando com a fame e a necessidade da gente. A verdade é que nossa luta é para todas – todos e a cada um dos seres humanos e não humanos que habitam este planeta – e seguiremos semeando, semeando e semeando os germes de nosso ideal de beleza emancipatória baixo esta aziaga noite eterna.

Dizia Napoleón I “A sociedade não pode existir sem a desigualdade das fortunas, nem a desigualdade das fortunas sem a religião. Quando um ser humano morre de fame junto dum outro que está farto, não poderia de nenhum modo resignar-se se não tivesse um poder que lhe digesse: Deus quere-lo; aqui na terra é preciso que haja pobres e ricos; mas lá na eternidade, será doutro modo.”

Assim é como religião e política, alternam-se, precisam-se, confundem-se. O um, não pode ser sem o outro. Nenhum poder pode perdurar à longa se não é quem de jogar raízes na consciência religiosa -seja qual seja- das pessoas.

Sabemos bem que os apóstoles da autoridade não concebem a sociedade sem hierarquias e, às vezes, a “academia” parece uma torre infranqueável, cheia de erudição vácua, com gente empecinada em ler-se e citar-se a si mesma. Uma torre de ego cómoda que observa os pesares da sociedade por trás dum tegrado e um ecrã com desdém e seletiva preocupação. Assim mesmo o mercado, babejando impérios multinacionais, gigantes inquebrantáveis, semeando a incultura de consumo e entretimento, mimetizações e seres clonados, como dogma ou novo deus de seu ganhado, observa à sociedade com altaneira altivez.

Mas a nós, compas, pouco nos importa a vida como artífices do consumo e a vã obediência. Estamos longe de ter pretensões de poder ou qualquer privilégio. Contamos com a grande capacidade e responsabilidade de pensar -com a cabeça e o coração-, pensar sem preconceitos, sem ataduras, evitando ideias inoculadas pelo sistema estabelecido e assimiladas polo rebanho. Muitas encontrámo-nos com o lodo até os ossos (pois não basta só com se molhar um pouco), emergimos desde abaixo, da marginalidade, das periferias, submundos subterrâneos onde todo escaseia, onde não existe a justiça social mas sim o calor da terra, onde nos temos as umhas às outras e as miradas, ainda cansadas, irradiam luz e fortaleza. Como dizia nosso compa Eliseo Reclus: “Ante a iniquidade e enquanto ela persista, anarquistas estão e permanecem em estado de insurreção permanente!! “

Esta é a essência do anarquismo, atrevemo-nos a sonhar aferrándo-nos ao sol nas sombras do ocaso e lutamos polo que outras crêem impossível. Porque o nosso não é só uma utopia, moldamos e construímos um mundo novo, desde abaixo, no lodo, dia após dia. Cuspimos o sangue e o barro, lambemo-nos as feridas e propugnamos a liberdade diante os tiranos.

Insisto! Perdim-no tudo -coma vos, coma elas, como tantas outras-, por isso atrevo-me a tanto, a enfrentar noite a noite aos demos no meio deste pesadelo e a sonhar esperta.

Quanto tempo temos furado nas cicatrizes mais insondáveis? Quantas vezes transitamos a borda de um abismo? -Mas o fundo só se devela a quem em plena caída abrem as suas asas. Ardentes asas de borboleta que de pura malícia indígena confundem-se com areias vulcânicas- E quanto do que passa é parte dessa injustiça estrutural que sempre nos empurra, e empurra, às arestas marginais da exclusão?

Felizmente – ainda que os cépticos digam o contrário- graças a nossa inesgotável luta, imos abrindo passo às calejas sem saída, derrubando muros, inventando chaves para portas órfãs de fechaduras ou que nunca as tiveram. Criando cardos na terra morta, misturando sementes, amor e sonhos. Apesar dos pesares as polas que tocam a terra sempre jogam raízes novas e uma vez mais, impõe-se a esperança que fai pé e enraiza-se na luta coletiva, empurrando o rio da história.

Quando o dia esvazie-se no crepúsculo, quando o tempo sem imagens comece, a noite será um ataúde de fogo negro onde as vãs orações das crentes terám sua sepultura.

As tochas do espírito, minhas compas; as hostes da luz, as proletárias; agitarám-se hoje chamadas por um trovão alumeando os caminhos. Amanhã, tempestade de lume.

Farei minhas as palavras de Mollie Steimer “Não estamos nem estaremos perdidas enquanto alente em nós nosso berro, nosso lamento, nossa “heresia” a palavra LIBERDADE!”

A vela na noite converterá-se num candelabro. Seremos uma maré de Prometeos acendendo a chispa que lhe dá vida ao ideal.

Perseguiremos a justa justiça, a verdade e a liberdade a sangue e lume! (A)

Cori  Piccirilli

PS: Eu que só sei embestir de frente estou segura de que aos malditos tiranos não lhes doem nossos golpes, nem lhes imutam nossas dores por causa de hemorragias  ancestrais internas, nem aquele desespero famélico que nos habita e nos cresce pelos poros. Mas duma coisa estou segura, estremecem-se diante o medo que sentem desse amor e esses risos que a eles jamais dos jamaises treparám-lhe desde o estômago até a gorja. Só são umas lastimosas sombras agazapadas à sombra das frágeis muralhas de seus palácios, levantados pedra sobre pedra com o suor e o sangue da plebe -dos nossos- baixo o jugo duma “dinastia” de burgueses malditos como o mesmo dinheiro que lhes apodrece seu sangue.

E às vezes sento-me como uma pequena luzecu que titila intermitente, a fortaleza dum espírito ferido de sensibilidade, o talho duma flor que se desfai entre meus dedos, a vertigem de suas pétalas cobiçando o suave voo. Ahhh! seiva doce a vida que se empecina em tingir a minha pele de sangue verde. Entre meus pés e a terra há um mundo que me dá doces e prematuras brevas, laranjas e amoras; um mundo formosamente belo onde a carne jugosa dos fruitos explode em meu paladar apesar desse mar revolto de exploração e ditaduras que nos acecham. Um mundo que me abriga das tempestades com o trino das aves. Um mundo que, apesar dos pesares, pouco a pouco vai-se enchendo de pequenas luzecus que titilam na escuridade; mas não importa se são pequenas, senão o que levam dentro. E eu que só aspiro a pequenos e ordinários milagres, observo arrebatada a imensa luminiscência que contém esta noite aciaga. E então sê por que é que a chama mantém-se intata – ainda que às vezes como uma pequena brasa incandescente outras como lava ardente em erupção, não se apaga… Velo para que não suceda. – O bálsamo mais eficaz a todos os pesares que nunca tenho conhecido. Sem o calor que arde desde as entranhas da terra, sem essa sensibilidade que me abraça e me fai de útero e me mece… Eu – o fogo no que ardo e me queimo, a brasa que me arroupa para depois resarcir-se brandindo e brandindo espessuras e que me empurra e me mantém firme, ainda quando me embestem os ciclons, para poder seguir sendo e assim – todo isso, não seria nada sem cada uma dessas milhões de diminutas partículas que se complementam e sem as quais seria impossível levar adiante o batido da vida, sem  cada uma dessas párvulas luzencus que, ainda que feridas, continuam titilando e procurando o modo de orientar-se e amar e seguir andando em procura de pequenas parcelas de paraíso onde saciar a sua fame e sua sede,  aqui no lodo, no meio do mesmíssimo inferno.

“As pessoas pode-se-lhe arrebatar todo salvo uma coisa: a última das liberdades humanas- a eleição da atitude pessoal que pode adoptar fronte ao seu destino- para decidir o seu próprio caminho.” – Viktor  Frankl-

–  Cori  Piccirilli –  🖤🌺

* SE GLOBALIZAM A MISÉRIA, GLOBALIZAREMOS A RESISTÊNCIA!

Para combater a fame e a pobreza há que acabar com a verticalidade, há que acabar com ricos e políticos. COMBATAMOS A FAME – come-te a um político-

Mais Analises Anarquistas sobre as Guerras do Capital

Ligações de interés para quem queira saber:

ARDENTIA .- Programa na rádio Roncudo de Corme das “Amigas da Serpe”

Em domingo 20 de fevereiro às 22 horas saiam por vez primeira ao ar umas novas ondas livres desde o estudo da Rádio Roncudo, a rádio livre e alternativa da Comarca de Bergantinhos. A sintonia, “O meu amor é marinheiro” de Fuxan os Ventos, rachara no ar coma uma explossão de boa Cultura do povo, da que nasce de abaixo sem imposições, da das nossas ancestras, daquela que brilha com luz própria tal qual ardentia…

Arde o mar, arde a vida… ARDENTIA

Desde então emitiram pontoalmente quatro programas que, se ainda não escuitastedes, podedes ouvi-los desde a plataforma ivoox.com da Rádio Roncudo, mas agora e acá vos ofereço seus enlaces a estes seus quatro primeiros programas:

Apresentação do novo programa e declaração de intenções

Breve achegamento á historia da música popular galega desde que há registros sonoros… Centrando-nos na 1 metade do s. XX

Esta semana adicada ao Entroido. Viva o entroido. Neste programa viagamos a festa pagana por excelência… A catarse do entroido.

Verbas ceives para as “amijas” que já não estám. Programa adicado às “amijas” que morreram; em especial para Fady Abu Soufa, quem nos deixou nestes dias

Neste vindouro domingo 20 de março, este gajeiro, participará ao vivo coma convidado deste programa das Amigas da Serpe, onde abarcaremos temas de atualidade.

Lembra: Domingos de 22 a 23 horas emissão ao vivo polas ondas livres da Rádio Roncudo e mais Rádio Neira e tamém a todo o mundo digitalizado via “streaming“, onde podedes escuta-lo ao vivo, nesta ligação:

http://www.radio.es/popupplayer/index.html?station=roncudo&tenant=www.radio.es

Comochoconto – OTAN Historia duma Alta Traiçom – Hoje 36 aniversário

mural_otannon Com o galho de se cumprir hoje sábado, 12 de março, 36 anos do papel do PSOE de Mr X, Felipe González, na Alta Traiçom do falso Referendum, colo acá o programa da rádio Kalimera que foi emitido ao vivo em 2006, para conhecemento da história das Mentiras desta falsa democracia na que a partidocracia fai o que lhe peta com o consentimento das massas dóceis. Dizer que este referendum foi o último até agora no que se consultou á povoaçom (nunca mais, até agora, volveu-se a consultar nada baixo esta fórmula) se bem se figera tal manipulaçom que chegara a se apresentar a entrada na OTAN baixo estas premisas que nunca se cumprirom:
otan

A falácia da suba dos combustíveis por causa da invasão russa da Ucrânia.

Nesta semana, europeias assistimos a uma aparição mediática do Borrell, o home com o semblante mais triste do mundo, numa sua atuaçom estelar coma “Alto Representante da União Europeia para Assuntos Exteriores e Política de Seguridade” pese a só medir 1’75 curtinhos.

Co seu acostumado patetismo apareceu diante das câmaras para “animar” à povoação europeia a afrontar um novo “compromiso colectivo” e pediu que todas figeramos um esforço para ajudar a “cortar el cordón umbilical” com Rússia: bajen la calefacción, corten el gas en sus casas, disminuyan la dependencia de quien ataca a Ucrania”.

E por se ainda assim não se entendia bem o que propunha, veu-se na tessitura de explica-lo coma para quem não tem mais de dois dedos de frente, que do que se trata é de dar uma resposta cidadá similar à obediência cega mantida por grande parte da povoação durante a pandemia: “Lo que hemos hecho contra la covid-19 lo hemos de hacer a favor de Ucrania”, e por se mesmo assim não se entendia, tratou-nos de imbéciles ao que há que exlicar tudo várias vezes e bem clarinho: “Igual que recortamos el consumo de agua cuando hay sequía, e igual que cuando nos ponemos una máscara para combatir el virus”.

E dito isto, toda a bancada de para-lamentar-vos europeus e europeias, aplaudiu energéticamente (que digo eu que podiam aproveita-los para extrair uns quantos kilowátios de tanto entusiasmo fervoroso)

Minte Borrell e o sabe, pois o GAS RUSSO desde o começo desta guerra não deixou de seguir fluindo cara Europa em nenhum momento e entrando por Ucrânia. Além a dependência da UE do gas russo não é para todos os países por igual. De feito na España apenas acada um 10’4% e na França um 16%:

Além poida que Borrell, estando nas alturas de tal cargo, não divise bem a situação dos fogares europeus em quanto ao seu consumo energético coma para pedir a todas o mesminho compromiso, independentemente de sua situação económica particular de cada quem. Semelha que este “Alto Representante” mesmo ignora os Informes do governo español mais progre da história, ao respeito da atualização dos indicadores de Pobreza Energética publicados polo Ministério Incompetente nesta matéria em dezembro passado, onde se assinala que no 2020, 5’2 milhões de pessoas (só na España) tiveram dificultades para acadar uma boa temperatura nos seus fogares durante o invierno ou que mais de 4 milhões tem retrasos nos pagos das faturas destes subministros nas suas vivendas.

Tamém pretende ignorar que, segundo cálculos da própria UE, a mediados de 2019, 54 milhons de pessoas —um 11 % da sua povoação – sofria os efeitos da pobreza energética e nada mudou desde então, à contra, a mesma UE assinalava a mediados do ano passado que a desconexão energética (que te cortem o subministro por impago) se incrementa nuns 7 milhons de fogares europeus acada ano.

Mas, deixando num aparte a pobreza enérgética, dado que, para quem a sofrem, as propostas de Borrell são como chover sobre molhado pois já não podem gastar menos de nada… há que assinalar e DIZE-LO BEM ALTO (muito mais alto do que Borrell) que OS PREÇOS ABUSIVOS DA ELETRICIDADE E DOS COMBUSTÍVEIS SOM FRUITO DAS PRÓPRIAS NORMAS DE LIBERALIZAÇÃO DO MERCADO ELÉTRICO DA UE CO GALHO DE BENEFICIAR O MEDRE ARTIFICAL DOS BENEFÍCIOS DAS EMPRESAS DO RAMO E NADA TEM QUE VER COA INVASSÃO RUSSA DA UCRÂNIA. De feito já denantes da Declaração Universal da Plandemia, fogares e empresas da UE já pagavamos a luz muito mais cara que as 20 principais economias mundiais (G-20), segundo admitia a própria Comissão Europeia.

E isto é assim porque o Sistema de Preços Maioristas da Eletricidade na UE foi marcado para que o GAS – o produto mais caro e o último que entra para cobrer a demanda- fosse o que fije o preço da luz para fogares e empresas, ainda que a sua contribução para gerar eletricidade seja marginal e mesmo que o resto da energia (hidráulica, solar, eólica, nuclear,…) se produzira a costes muitíssimo mais baixos.

Esta fórmula marginalista conduz a incongruências como que na España em 2021 se registraram preços récorde da luz pese a que a porcentagem produzida por fontes renováveis acadava o máximo histórico do 45%. E mesmo teria passado ainda que o 99’9% da eletricidade procedera de fontes renováveis e só um 0,1% fosse produzida por gas, seguiria sendo o Gas quem fixaria o preço de toda a eletricidade.  Assim de bem o explica Santy Gutierrez nesta sua vinheta, pois é tal qual a sua paródia:

E não só isso, dado que o preço de referência TTF do gas (mercado virtual que marca os preços do gas natural na Europa e no mundo) é além quatro vezes superior ou mais ao que realmente pagam as companhias europeias polo gas que recebem vía gasoduto nos contratos de longa duração. Assim, entanto o preço TTF era de 85 euros/MWh ao remate do 3º trimestre de 2021, España e Italia pagavam o gas argelino vía gaseoduto a 18,8 e 18,5 euros/MWh.

Em definitiva, os mesmos que não sabem como enfrontar-se aos abusos das empresas maioristas do gas e elétricas, os mesmos que defendem este sistema abusivo de preços polo bem do Capitalismo e da Liberalização dos mercados energéticos, venhem agora, sob a falsa excusa da invasão russa da Ucrânia, a pedir-nos um esforço que muitas já não podem fazer porque nossos governos europeus som implacáveis contra quem não pode fazer fronte ao gasto energético e legislam para que estas pessoas, uns 60 MILHONS aprox, fiquem privadas de luz e gas por POBRES!!

CURIOSIDADES da ESPAÑA e das REFUGIADAS MIGRANTES

Entanto Borrel coa sua tristona cara decimonónica trata de culpar a Rússia do medre do preço do gas e petróleo e pede à cidadania europeia que passemos frio para foder aos russos (coma se as subas destes combustíveis fossem só coisa da guerra na Ucrânia, ou coma se a toda Europa ocidental dependera energeticamente do gas russo quando por exemplo no estado español apenas é um 10%)…

Entanto governantes da Europa ocidental pretendem que a cidadania estejamos todas a uma para receber com flores às ucranianas que fugem…

Entanto nas fronteras de Ceuta e Melilla, seguem reforçando os valados para impeder que cheguem refugiadas de guerras que começaram muito antes e que duram muito mais que as pilhas de duracel…

Entanto Grande-Maskada justifica as agressões às migrantes que fugem dessas guerras e da fome…

[Guerra na Ucrânia] Dez Lições desde Síria

Uma informação que traduço e colo do site anarquista CrimethInc

Em março de 2011, eclodiram protestos na Síria contra o ditador Bashar al-Assad. Assad voltou todo o poder dos militares contra o movimento revolucionário que se seguiu; no entanto, por algum tempo, parecia possível que se pudera derrubar seu governo. Em seguida, Vladimir Putin interveio, permitindo que Assad permanecera no poder com um tremendo custo em vidas humanas e garantindo uma posição para o poder russo na região. No texto a seguir, um coletivo de exilados sírios e seus companheiros englobadas em “La Cantine Syrienne de Montreuil” e “L’équipe des Peuples Veulent” pensam em como suas experiências na Revolução Síria podem valer para apoiar a resistência à invasão na Ucrânia e o movimento antiguerra na Rússia e oferece uma reflexão valiosa sobre o imperialismo, a solidariedade internacional e a compreensão dos matizes destas lutas complexas e contraditórias.

DEZ LIÇÕES desde Síria

Sabemos que pode ser difícil posicionar-se num momento coma este. Entre a unanimidade ideológica da grande mídia e as vozes que transmitem sem escrúpulos a propaganda do Kremlin, pode ser difícil saber a quem ouvir. Entre uma OTAN de mãos sujas e um regime russo vilão, não sabemos contra quem lutar, a quem apoiar.

Coma participantes e amizades da revolução síria, queremos defender uma terceira opção, oferecendo um ponto de vista baseado nas lições de mais de dez anos de revolta e guerra na Síria.

Deixemos isto claro desde o início: hoje, ainda defendemos a revolta na Síria de todas as formas que foi uma revolta popular, democrática e emancipatória, especialmente os comitês de coordenação e os conselhos locais da revolução. Embora muitos tenham esquecido tudo isso, sustentamos que nem as atrocidades e propaganda de Bashar al-Assad nem as dos jihadistas podem silenciar esta voz.

A seguir, não pretendemos comparar o que está acontecendo na Síria e na Ucrânia. Se ambas as guerras começaram com uma revolução, e se um dos agressores é o mesmo, as situações permanecem muito diferentes. Em vez disso, com base no que aprendemos com a revolução na Síria e depois com a guerra que se seguiu, esperamos oferecer alguns pontos de partida para ajudar, aquelas que sinceramente defendem princípios emancipatórios, a descobrir como tomar uma posição.

1. Escuite as vozes das pessoas implicadas nos eventos.

Em troques de especialistas em geopolítica, devemos ouvir as vozes daqueles que viveram a revolução em 2014 e viveram a guerra; devemos ouvir aqueles que sofreram sob o governo de Putin na Rússia e em outros lugares por vinte anos. Convidamos a ampliar as vozes das pessoas e organizações que defendem os princípios da democracia direta, feminismo e igualitarismo desse contexto. Compreender a sua posição na Ucrânia e as suas exigências para as que estão fora dela ajudará a fazer-se uma opinião própria e informada.

Adotar essa abordagem para a Síria teria elevado – e talvez apoiado – os experimentos impressionantes e promissores de auto-organização que floresceram em todo o país. Além disso, ouvir as vozes vindas da Ucrânia lembra-nos que todas essas tensões começaram com a revolta de Maidan. Por mais imperfeito ou “impuro” que seja, não cometamos o erro de reduzir a revolta popular ucraniana a um conflito de interesses entre grandes potências, como alguns fizeram intencionalmente para obscurecer a revolução síria.

2: Cuidado com a geopolítica de balcão.

Certamente, é desejável compreender os interesses econômicos, diplomáticos e militares das grandes potências; ainda assim, contentar-se com um enquadramento geopolítico abstrato da situação pode deixá-lo com uma compreensão abstrata e desconectada do terreno. Essa forma de compreensão tende a ocultar as protagonistas comuns do conflito, aquelas que se assemelham a nós, aquelas com as quais podemos identificar-nos. Acima de tudo, não esqueçamos: o que acontecerá é que as pessoas sofrerão por causa das escolhas de governantes que veem o mundo como um tabuleiro de xadrez, como um reservatório de recursos a serem saqueados. É assim que os opressores veem o mundo. Nunca deve ser adotado polos povos, que devem se concentrar em construir pontes entre eles, em encontrar interesses comuns.

Isso não significa que devemos negligenciar a estratégia, mas significa criar estratégias em nossos próprios termos, numa escala na qual poidamos agir por conta própria – não debater sobre mover divisões de tanques ou cortar importações de gás. Veja nossas propostas concretas no final do artigo para saber mais.

3: Não aceite qualquer distinção entre exilados “bons” e “maus”.

Sejamos claras – embora dificilmente ideal, a recepção de refugiadas sírias na Europa foi muitas vezes mais acolhedora do que a recepção oferecida a refugiadas da África subsaariana, por exemplo. Imagens de refugiados negros rejeitados na fronteira Ucrânia-Polônia e comentários na mídia corporativa privilegiando a chegada de refugiadas ucranianas de “alta qualidade” em detrimento de bárbaros sírios são prova dum racismo europeu cada vez mais desinibido. Defendemos o acolhimento incondicional das ucranianas que fogem dos horrores da guerra, mas recusamos qualquer hierarquia entre as refugiadas.

4: Desconfie da mídia corporativa.

Se, como na Síria, eles fingem defender uma agenda humanista e progressista, mas a maioria deles tendem a se limitar a um retrato vitimizador e despolitizador das ucranianas no solo e no exílio. Eles só falarám sobre casos individuais, pessoas fugindo, medo de bombas,… impedendo assim que as espectadoras entendam as ucranianas como atoras políticas de pleno direito capazes de expressar opiniões ou análises políticas sobre a situação no seu próprio país. Além disso, esses meios de comunicação tendem a promover uma posição grosseiramente pró-ocidente, sem matizes, profundidade histórica ou investigação sobre os interesses dos governos ocidentais, que são apresentados como defensores do bem, da liberdade e de uma democracia liberal idealizada.

5. Não retrate os países ocidentais como o eixo do bem.

Mesmo que não invadam diretamente a Ucrânia, não sejamos ingênuos em relação à OTAN e aos países ocidentais. Devemos nos recusar a apresentá-los como os defensores do “mundo livre”. Lembre-se, o Ocidente construiu seu poder sobre o colonialismo, o imperialismo, a opressão e a pilhagem da riqueza de centenas de povos ao redor do mundo – e continua todos esses processos hoje.

Para falar apenas do século XXI, não esquecemos os desastres infligidos polas invasões do Iraque e do Afeganistão. Mais recentemente, durante as revoluções árabes de 2011, em vez de apoiar as correntes democráticas e progressistas, o Ocidente se preocupou principalmente em manter seu domínio e seus interesses econômicos. Ao mesmo tempo, continua vendendo armas e mantendo relações privilegiadas com ditaduras árabes e monarquias do Golfo. Com sua intervenção na Líbia, a França acrescentou a mentira vergonhosa duma guerra por razões econômicas disfarçada de esforço para apoiar a luta pola democracia.

Além desse papel internacional, a situação nesses países continua a se deteriorar à medida que o autoritarismo, a vigilância, a desigualdade e, acima de tudo, o racismo continuam se intensificando.

Hoje, se acreditamos que o regime de Putin representa uma ameaça maior à autodeterminação dos povos, não é porque os países ocidentais de repente se tornaram “bonzinhos”, mas porque as potências ocidentais não têm mais tantos meios para manter sua dominação e hegemonia . E continuamos desconfiados dessa hipótese – porque se Putin for derrotado polos países ocidentais, isso contribuirá para dar-lhes mais poder.

Portanto, aconselhamos a ucranianas a não contarem com a “comunidade internacional” ou as Nações Unidas – que, como na Síria, são evidentes em sua hipocrisia e tendem a induzir as pessoas a acreditar em quimeras.

6: Luite contra todos os imperialismos!

“Campismo” é a palavra que usamos para descrever uma doutrina de outra época. Durante a Guerra Fria, os adeptos desse dogma sustentavam que o mais importante era apoiar a URSS a todo custo contra os estados capitalistas e imperialistas. Esta doutrina persiste hoje na parte da esquerda radical que apoia a Rússia de Putin na invasão da Ucrânia ou então relativiza a guerra em curso. Como figeram na Síria, eles usam o pretexto de que os regimes russo ou sírio encarnam a luita contra o imperialismo ocidental e atlantista [isto é, pró-OTAN]. Infelizmente, esse anti-imperialismo maniqueísta, que é puramente abstrato, recusa-se a ver o imperialismo em qualquer ator que não seja o Ocidente.

No entanto, é necessário reconhecer o que os regimes russo, chinês e até iraniano vêm fazendo há anos. Eles vêm estendendo sua dominação política e econômica em certas regiões, desapropriando as povoações locais da sua autodeterminação. Que os campistas usem a palavra que quiserem para descrever isso, se “imperialismo” lhes parece inadequado, mas nunca aceitaremos qualquer desculpa para infligir violência e dominação sobre populações em nome de precisão pseudoteórica.

Pior ainda, essa posição empurra essa “esquerda” para retransmitir a propaganda desses regimes a ponto de negar atrocidades bem documentadas. Eles falam de um “golpe de estado” quando descrevem o Maidan ou negam os crimes de guerra perpetrados polo exército russo na Síria. Essa esquerda chegou ao ponto de negar o uso do gás sarin polo regime de Assad, contando com uma desconfiança (muitas vezes compreensível) da grande mídia para espalhar essas mentiras.

É uma atitude desprezível e irresponsável, considerando que a ascensão das teorias da conspiração nunca favorecem uma posição emancipatória, mas sim a extrema direita e o racismo. No caso da guerra na Ucrânia, esses anti-imperialistas imbecis, alguns dos quais se dizem antifascistas, são aliados circunstanciais de grande parte da extrema direita.

Na Síria, inflamada por fantasias supremacistas e sonhos duma cruzada contra o Islã, a extrema direita já defendia Putin e o regime sírio por suas supostas ações contra o jihadismo – sem nunca entender a responsabilidade que o regime de Assad tinha pela ascensão dos jihadistas na Síria.

7: Não atribua responsabilidades iguais à Ucrânia e à Rússia.

Na Ucrânia, a identidade do atacante é conhecida por todos. Se a ofensiva de Putin é, de certa forma, uma resposta à pressão da OTAN, é sobretudo a continuação de uma ofensiva imperial e contra-revolucionária. Depois de invadir a Crimeia, depois de ter ajudado a esmagar os levantamentos na Síria (2015-2022), Bielorrússia (2020) e Cazaquistão (2022), Vladimir Putin não tolera mais esse vento de protesto – encarnado pola derruba do presidente pró-Rússia na revolta Maidan – dentro dos países sob sua influência. Ele deseja esmagar qualquer desejo emancipatório que poida enfraquecer seu poder.

Tamém na Síria não há dúvidas sobre quem é o responsável direto da guerra. O regime sírio de Bashar al-Assad, ao ordenar à polícia que atirasse, prendesse e torturasse as manifestantes desde os primeiros dias de protesto, optou unilateralmente por iniciar uma guerra contra a povoação. Gostaríamos que aquelas que defendem a liberdade e a igualdade fossem unânimes em se posicionar contra esses ditadores que fazem guerras contra o povo. Teríamos gostado se esse já tivesse sido o caso, em referência à Síria.

Se entendemos e nos juntamos ao apelo para acabar com a guerra, insistimos que devemos fazê-lo sem qualquer ambiguidade quanto à identidade do agressor. Nem na Ucrânia, nem na Síria, nem em qualquer outro lugar do mundo, as pessoas comuns podem ser culpadas por pegar em armas para tentar defender suas próprias vidas e as de suas famílias.

De maneira mais geral, aconselhamos as pessoas que não sabem o que é uma ditadura (mesmo que os países ocidentais estejam se tornando mais abertamente autoritários) ou o que é ser bombardeado a se abster de dizer aos ucranianos – como alguns já disseram aos sírios ou Hong Kong – não pedir ajuda ao Ocidente ou não querer a democracia liberal ou representativa como sistema político mínimo. Muitas dessas pessoas já estão cientes das imperfeições desses sistemas políticos – mas sua prioridade não é manter uma posição política irrepreensível, mas sim sobreviver aos bombardeios do dia seguinte, ou não acabar num país em que uma palavra descuidada pode pousá-lo vinte anos na prisão. Insistir nesse tipo de discurso purista demonstra uma determinação em impor sua análise teórica num contexto que não é o seu. Isso indica uma real desconexão com o terreno e um tipo de privilégio muito ocidental.

Em vez disso, vamos ouvir as palavras das camaradas ucranianas que digeram, ecoando Mikhail Bakunin: “Acreditamos firmemente que a república mais imperfeita é mil vezes melhor do que a monarquia mais esclarecida”.

8: Compreender que a sociedade ucraniana, como na Síria e na França, é atravessada por diferentes correntes.

Estamos familiarizados com o procedimento em que um governante designa uma séria ameaça para afugentar potenciais apoiadores. Isso inclui a retórica sobre o “terrorismo islâmico” que Bashar al-Assad usou desde os primeiros dias da revolução na Síria; da mesma forma, hoje, o “nazismo” e o “ultranacionalismo” que Putin e seus aliados brandiram para justificar sua invasão da Ucrânia.

Se, por um lado, reconhecemos que essa propaganda é deliberadamente exagerada e que não devemos legitimá-la ao pé da letra, por outro, nossa experiência na Síria nos encoraja a não subestimar as correntes reacionárias dentro dos movimentos populares.

Na Ucrânia, nacionalistas ucranianos, incluindo fascistas, desempenharam um papel importante nos protestos de Maidan e na guerra que se seguiu contra a Rússia. Além disso, como o Batalhão Azov, eles se beneficiaram dessa experiência e se tornaram parte legítima do exército regular da Ucrânia. No entanto, isto não significa que a maioria da sociedade ucraniana seja ultranacionalista ou fascista. A extrema direita obteve apenas 4% dos votos nas últimas eleições; o presidente ucraniano, judeu e de língua russa foi eleito por 73%.

Na revolta na Síria, jihadistas começaram como atores marginais, mas ganharam importância crescente, em parte graças ao apoio externo, permitindo-lhes impor-se militarmente em detrimento do movimento civil e dos participantes mais progressistas. Em toda parte, a extrema direita ameaça a extensão das democracias e revoluções sociais; este é o caso na França hoje, sem dúvida. Na França, essa mesma extrema direita tentou se impor durante o movimento dos Chaleques Amarelos. Se foi espancado então, foi por causa da presença de posições igualitárias e da determinação de ativistas antiautoritários e antifascistas, não polo tagarelar de sábios.

Cuide para que defender a resistência popular (tanto na Ucrânia quanto na Rússia) contra a invasão russa tampouco seja ingênua em relação ao regime político que emergiu de Maidan. Não se pode dizer que a queda de Yanukovych resultara numa extensão real da democracia direta ou no desenvolvimento da sociedade igualitária que desejamos para a Síria, Rússia, França e em todo o mundo. Usando uma expressão que nos é bem conhecida, alguns ativistas ucranianas chamam o pós-Maidan de “revolução roubada”. Além de conceder um lugar importante aos ultranacionalistas, o regime ucraniano foi restabelecido por oligarcas e outros que se preocupavam em defender seus próprios interesses econômicos e políticos e estender um modelo capitalista e neoliberal de desigualdade. Da mesma forma, embora nosso conhecimento sobre este assunto permaneça limitado, é difícil para nós acreditar que o regime ucraniano não tenha responsabilidade na exacerbação das tensões com as regiões separatistas de Donbas.

Na Síria, as revolucionárias envolvidas no terreno têm todo o direito de criticar ferozmente as escolhas da oposição política que se posiciona em Istambul. Ainda lamentamos sua escolha de não levar em conta as reivindicações legítimas de minorias como os curdos.

Um regime neoliberal e elementos fascistas são ingredientes encontrados em todas as democracias ocidentais. Embora esses oponentes da emancipação não devam ser subestimados, isso não é motivo para não defender a resistência popular a uma invasão. Pelo contrário, como gostaríamos que outros tivessem feito durante a revolução síria, pedimos que apoiem as correntes auto-organizadas mais progressistas dentro da defesa.

9: Apoiar a resistência popular na Ucrânia e na Rússia.

Como as revoluções árabes, os chaleques amarelos e os Maidan provaram, as revoltas do século XXI não serão ideologicamente “puras”. Embora entendamos que é mais confortável e estimulante identificar-se com atores poderosos (e vitoriosos), não devemos trair nossos princípios fundamentais. Convidamos a esquerda radical a tirar seus velhos óculos conceituais para confrontar suas posições teóricas com a realidade. Essas posições devem ser ajustadas de acordo com a realidade, e não o contrário.

É por essas razões que, na Ucrânia, pedimos às pessoas que priorizem as iniciativas de apoio que vêm da base: as iniciativas de autodefesa e auto-organização que estão florescendo atualmente. Pode-se descobrir que, muitas vezes, as pessoas que se organizam podem de fato defender concepções radicais de democracia e justiça social – mesmo que não se chamem de “esquerdistas” ou “progressistas”.

Além disso, como muitos ativistas russos disseram, acreditamos que um levantamento popular na Rússia poderia ajudar a acabar com a guerra, assim como em 1905 e 1917. Quando consideramos a extensão da repressão na Rússia desde o início da guerra – mais de dez mil manifestantes presos, censura da mídia, bloqueio de redes sociais e talvez em breve a internet – é impossível não esperar que uma revolução poida levar à queda do regime. Isso finalmente acabaria, duma vez por todas, com os crimes de Putin na Rússia, Ucrânia, Síria e outros lugares.

Este é tamém o caso da Síria onde, após a internacionalização do conflito, longe de ressentir os povos iraniano, russo ou libanês, as revoltas desses povos podem nos fazer acreditar novamente na possibilidade de que Bashar al-Assad caia, tamém.

Da mesma forma, queremos ver convulsões radicais e extensões radicais da democracia, justiça e igualdade nos Estados Unidos, na França e em todos os outros países que baseiam seu poder na opressão doutros povos ou parte de sua própria povoação.

10: Construir um novo internacionalismo a partir de baixo.

Embora nos oponhamos radicalmente a todos os imperialismos e a todas as formas modernas de fascismo, acreditamos que não podemos limitar-nos apenas a posturas antiimperialistas ou antifascistas. Mesmo que sirvam para explicar muitos contextos, tamém correm o risco de limitar a luta revolucionária a uma visão negativa, reduzindo-a à reatividade, à resistência permanente sem caminho a seguir.

Acreditamos que continua sendo essencial fazer uma proposta positiva e construtiva como o internacionalismo. Isso significa vincular revoltas e lutas pola igualdade em todo o mundo.

Uma terceira opção existe além da OTAN e Putin: o internacionalismo de baixo para cima. Hoje, um internacionalismo revolucionário deve convocar as pessoas em todos os lugares para defender a resistência popular na Ucrânia, assim como deve convocá-las para apoiar os conselhos locais sírios, os comitês de resistência no Sudão, as assembleias territoriais no Chile, as rotatórias dos Chaleques Amarelos, e a intifada palestina.

É claro que vivemos à sombra de um internacionalismo operário – apoiado por Estados, partidos, sindicatos e grandes organizações – que foi capaz de pesar nos conflitos internacionais na Espanha em 1936 e, posteriormente, no Vietnã e na Palestina nos anos 1960 e anos 70.

Hoje, em todo o mundo – da Síria à França, da Ucrânia aos Estados Unidos – carecemos de forças emancipatórias em grande escala dotadas de bases materiais substanciais. Enquanto esperamos o surgimento, como parece estar acontecendo no Chile, de novas organizações revolucionárias baseadas em iniciativas auto-organizadas locais, defendemos um internacionalismo que apoie as revoltas populares e acolha todas as exiladas. Tamém neste esforço estamos preparando o terreno para um verdadeiro retorno ao internacionalismo, que, esperamos, um dia volte a representar um caminho alternativo distinto dos modelos das democracias capitalistas ocidentais e do autoritarismo capitalista, seja russo ou chinês.

Tal concepção do que estávamos fazendo, na Síria, certamente teria ajudado a revolução a manter uma cor democrática e igualitária. Quem sabe até tenha contribuído para que atingíssemos a vitória. Portanto, somos internacionalistas não apenas por uma questão de princípio ético, mas tamém como consequência duma estratégia revolucionária. Defendemos, portanto, a necessidade de criar vínculos e alianças entre forças auto-organizadas que trabalham pola emancipação de todas indistintamente.

Isto é o que chamamos de internacionalismo de abaixo, o internacionalismo dos povos.

Posições propostas sobre a invasão russa da Ucrânia

    -Expressar total apoio à resistência popular ucraniana contra a invasão russa.

    -Priorizar o apoio a grupos auto-organizados que defendem posições emancipatórias na Ucrânia por meio de doações, ajuda humanitária e divulgação de suas demandas.

    -Apoie as forças progressistas anti-guerra e anti-regime na Rússia e divulgue suas posições.

    -Abrigue exiladas ucranianas e organize eventos e infraestrutura para que suas vozes sejam ouvidas.

    -Combater todo o discurso pró-Putin, especialmente da esquerda. A guerra na Ucrânia oferece uma oportunidade crucial para acabar definitivamente com o campismo e a masculinidade tóxica.

    -Combater o discurso pró-OTAN por ideologia.

    -Recuse apoio àqueles na Ucrânia e em outros lugares que defendem políticas ultranacionalistas, xenófobas e racistas.

   – Críticas e desconfiança permanentes das ações da OTAN na Ucrânia e noutros lugares.

    -Manter a pressão sobre os governos por meio de manifestações, ação direta, banners, fóruns, petições e outros meios para fazer valer as demandas de atoras auto-organizadas no terreno.

Infelizmente, isso não é muito, mas é tudo o que podemos oferecer desde que não haja força autônoma aqui ou em outro lugar lutando por igualdade e emancipação que seja capaz de fornecer apoio econômico, político ou militar.

Esperamos sinceramente que, desta vez, essas posições ganhem o dia. Se isso acontecer, ficaremos profundamente felizes, mas nunca esqueceremos que isso estava longe de ser o caso da Síria e que custou muito caro.

—A Cantina Síria de Montreuil e L’équipe des Peuples Veulent

A GUERRA DE UCRÂNIA.- Uma nova idade geopolítica x Ignacio Ramonet

Recolho e traduço da web de Le Monde Diplomatic en español esta opiniom autoria de quem é seu diretor, o redondelá filho de republicáns nascido em maio de 1943, criado em Tânger, onde sua família se instalara por volta de 1948, fugindo do franquismo, e desde 1972 reside na França. Ignacio Ramonet, escritor, jornalista, geopolitólogo, sociólogo, semiologista,… e cofundador da ONG Media Watch Global (Observatório Internacional de Meios) da que é presidente, publicou esta sua reflexão em 1 de março:

O 24 de fevereiro de 2022, data do início da guerra na Ucrânia, marca a entrada do mundo numa nova idade geopolítica. Atopamos-nos diante uma situação totalmente nova na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial. Ainda que houvera neste continente, desde 1945, muitos acontecimentos importantes, como a queda do muro de Berlim, a implosão da União Soviética e as guerras na antiga Jugoslávia, nunca tínhamos assistido a um evento histórico de semelhante envergadura, que muda a realidade planetária e a ordem mundial.

A situação era evitável. O presidente russo Vladímir Putin levava várias semanas, se não meses, instando a uma negociação com as potências ocidentais. A crise vinha-se intensificando nos últimos meses. Houvo intervenções públicas frequentes do líder russo em conferências de imprensa, encontros com mandatários estrangeiros e discursos televisados, reiterando as demandas da Rússia, que na realidade eram muito singelas. A segurança dum Estado só se garante se a segurança doutros Estados, em particular aqueles que estão localizados nas suas fronteiras, está igualmente respeitada. Por isso Putin reclamou com insistência, a Washington, London, Bruxelas e Paris, que se lhe garantisse a Moscovo que Ucrânia não se integraria na Organização do Tratado do Atlántico Norte (OTAN). A demanda não era uma excentricidade: a petição consistia em que Kiev tivesse um status não diferente ao que têm outros países europeus, tais como Irlanda, Suécia, Finlândia, Suíça, Áustria, Bósnia e Sérvia, que não fazem parte da OTAN. Não se tratava portanto de evitar a “ocidentalização” da Ucrânia senão de prevenir sua incorporação a uma aliança militar formada, como se sabe, em 1949, com o objetivo de se enfrentar à antiga União Soviética e, desde 1991, à própria Rússia.

Isto implicava que Estados Unidos e seus aliados militares europeus não instalassem no território da Ucrânia, país fronteiriço com Rússia, armas nucleares, mísseis ou outro tipo de armamento agressivo que pudesse pôr em perigo a segurança de Moscovo. A OTAN –uma aliança militar cuja existência não se justifica desde o desaparecimento, em 1989, do Pacto de Varsóvia– argumentava que isto era necessário para garantir a segurança dalguns de seus Estados membros, como Estónia, Letónia, Lituânia ou Polónia. Mas isso, obviamente, ameaçava a segurança de Rússia. Lembre-se que Washington, em outubro de 1962, ameaçara com desencadear uma guerra nuclear se os soviéticos não retiravam de Cuba seus mísseis –instalados a 100 milhas da costa de Estados Unidos–, cuja função, em princípio, era só a de garantir a defesa e segurança da ilha. E Moscovo finalmente teve que se inclinar e retirar seus mísseis. Com estes mesmos argumentos, Putin reclamou aos chefes de Estado e premiês europeus uma mesa de diálogo que contemplasse suas reivindicações. Simplesmente, tratava-se de assinar um documento no que a OTAN se comprometesse a não se estender a Ucrânia e, repito, a não instalar em território ucraino sistemas de armas que pudessem ameaçar a segurança de Rússia.

A outra demanda russa, tamém muito atendível, era que, como ficou estabelecido em 2014 e 2015 nos acordos de Minsk, as populações rusofalantes das duas “repúblicas populares” da região ucraniana do Donbás, Donetsk e Lugansk, recebessem protecção e não ficassem à graça de constantes ataques de ódio como desde fai quase oito anos. Esta demanda tampouco foi escutada. Nos acordos de Minsk, assinados por Rússia e Ucrânia com participação de dois países europeus, Alemanha e França, e que agora vários analistas da imprensa ocidental exprobram a Putin ter dinamitado, estava estipulado que, no marco duma nova Constituição da Ucrânia, concederia-se-lhes uma ampla autonomia às duas repúblicas autoproclamadas que recentemente foram reconhecidas por Moscovo como ”Estados soberanos”. Esta autonomia nunca lhes foi concedida, e as populações rusofalantes destas regiões seguiram suportando o assédio dos militares ucraninos e dos grupos paramilitares extremistas, que causaram umas catorze mil mortes…

Por todas estas razões, existia um ânimo de justificada exasperação no seio das autoridades russas, que os líderes da OTAN não conseguiram ou não quiseram entender. Por que a OTAN não teve em conta estes repetidos reclamos? Mistério… Muitos observadores consideravam que a negociação era uma opção viável: escutar os argumentos de Moscovo, sentar em torno duma mesa, responder às inquietudes russas e assinar um protocolo de acordo. Inclusive falou-se, nas 24 horas que precederam os primeiros bombardeios russos do 24 de fevereiro, dum possível encontro de última hora entre Vladímir Putin e o presidente de Estados Unidos, Joseph Biden. Mas as coisas precipitaram-se e ingressamos neste detestável cenário de guerra e de perigosas tensões internacionais.

Desde o ponto de vista da armadura legal, o discurso de Putin na madrugada do dia em que as Forças Armadas russas iniciaram a guerra na Ucrânia tratou de apoiar-se no direito internacional para justificar sua “operação militar especial”. Quando anunciou a intervenção sustentou que, “baseando[-se] na Carta das Nações Unidas” e tendo na conta a demanda de ajuda que lhe formularam os “governos” das “repúblicas de Donetsk e Lugansk” e o “genocídio” que se estava a produzir contra a população rusofalante destes territórios, tinha ordenado a operação… Mas isso é apenas uma roupagem jurídica, um arcabouço legal para desculpar o ataque a Ucrânia. Por suposto, trata-se claramente duma intervenção militar de grande envergadura, com colunas coiraçadas que penetraram na Ucrânia por quanto menos três pontos: o norte, para perto de Kiev; o este, por Donbás; e o sul, para perto de Crimea. Pode-se falar de invasão. Ainda que Putin sustenta que não será uma ocupação permanente da Ucrânia. O mais provável é que Moscovo, se ganha esta guerra, trate de instalar em Kiev um governo que não seja hostil aos seus interesses e que lhe garanta que Ucrânia não ingressará na OTAN, além de reconhecer a soberania das “repúblicas” do Donbás na totalidade da sua extensão territorial, porque quando começou o ataque russo, Kiev controlava ainda uma parte importante desses territórios.

Se não se produz uma escalada internacional, o mais provável é que o vencedor militar desta guerra seja Rússia. Por suposto, neste tema há que ser muito prudente, porque se sabe como começam as guerras, mas nunca como rematam. A diferença de poderio militar entre Rússia e Ucrânia é tal que o provável ganhador, quanto menos num primeiro tempo, será sem dúvida Moscovo. Desde o ponto de vista económico, pola contra, o panorama é menos claro. A bateria de brutais sanções que Estados Unidos, a União Européia e outras potências lhe estão a impor a Moscovo são aniquiladoras, inéditas, e podem dificultar, por décadas, o desenvolvimento económico da Rússia, cuja situação neste aspecto é já particularmente delicada. Por outro lado, uma vitória militar nesta guerra, se é rápida e contundente, poderia dar-lhe a Rússia, a suas Forças Armadas e a seus armamentos um grande prestígio. Moscovo poderia consolidar-se, em vários teatros de conflitos mundiais, em particular em Oriente Próximo e no Sahel africano, como um aliado indispensável para alguns governos autoritários locais, como principal provedor de instrutores militares e, sobretudo, como principal vendedor de armas.

Tudo isto fai mais difícil entender por que Estados Unidos não fijo mais para evitar este conflito na Ucrânia. Esse é um ponto central. Que ganha Washington com este conflito? Para Biden, esta guerra pode contribuir uma distração mediática respeito de seus objectivos estratégicos. Sua situação não é fácil: leva um ano de governo mediocre em política interna, não consegue sacar adiante no Congresso seus projectos, não consegue uma melhora palpável das condições de vida após a terrível pandemia da covid-19 nem uma correção das desigualdades… E, em política exterior, segue mantendo algumas das piores decisões de Donald Trump e tem dado uma série de passos em falso, como a precipitada e calamitosa retirada de Kabul… Pode que isto o tenha levado a procurar não comprometer com uma estratégia mais decidida para evitar uma guerra na Ucrnia que se via vir… O resultado é que Estados Unidos e as demais potências da OTAN poderiam perder Ucrânia, que afastarîa-se da sua esfera de influência.

A posição de Washington resulta tanto mais surpreendente quanto que seu grande rival estratégico, neste século XXI, não é Rússia, senão China. Por isso este conflito está envolvido, em certa maneira, num ar passado de moda, um ressaibo da Guerra Fria (1948-1989). Quiçá um dos objectivos de Washington seja afastar a Rússia da China implicando a Moscovo num conflito na Europa, com a intenção de que China não se poida apoiar na Rússia enquanto Estados Unidos e seus aliados da ASEAN (Associação de Nações da Ásia Sudoriental) e da AUKUS (aliança estratégica militar entre Austrália, Reino Unido e Estados Unidos) aproveitam para acossar a Pequim no mar da China Meridional. Quiçá a isso se deve que, neste conflito da Ucrânia, China se tenha mostrado prudente: não reconheceu nem apoiou a soberania das duas “repúblicas populares do Donbás”. Pequim não deseja oferecer um pretexto a outras potências para que elas reconheçam, a sua vez, a independência de Taiwán. Ainda que tamém poderia ocorrer que, apesar das enormes diferenças, China se inspirasse na decisão russa de invadir Ucrânia para conquistar Taiwán. Ou talvez Estados Unidos aproveite a guerra na Ucrânia para argumentar que China dispõe-se a invadir Taiwán e desencadear um conflito preventivo com China. São hipótese, porque o único verdadeiro é que a História se voltou a pôr em marcha e a dinâmica geopolítica mundial está-se a mover.

A posição da União Européia tem sido débil. Emmanuel Macron, que atualmente é o presidente pró tempore da União Européia, não conseguiu nada com suas gestões de último momento. Em vésperas da guerra, a ideia sobre a que se mobilizaram tanto os líderes políticos como os meios de comunicação ocidentais foi dizer-lhe a Putin que não figera nada, que não desse um passo mais, quando o razoável tivesse sido, repito, analisar suas demandas e sentar a negociar para garantir-lhe a Rússia, dalguma maneira, que a OTAN não ia instalar armas nucleares nas suas fronteiras. Num primeiro tempo, o governo europeu que atuou de maneira mais inteligente foi o da Alemanha, com seu novo chanceler, o social-democrata Olaf Scholz, à cabeça. Desde o começo, mostrou-se favorável a que se estudassem as demandas de Putin. Mas, assim que começou a guerra, a postura de Berlim mudou radicalmente. A recente decisão de Scholz, adoptada por unanimidade no Bundestag, o Parlamento federal, de rearmar Alemanha mediante a atribuição ao orçamento militar duma partida excepcional a mais de cem bilhão de euros e, a partir de agora, quase o 3% do PIB do país, constitui uma revolução militar. O rearme da Alemanha, primeira potência económica da Europa, traz péssimas lembranças históricas. Constitui uma prova mais, espectacular e aterradora, de que estamos a entrar numa nova idade geopolítica.

Por último, seguimos perguntando-nos por que Estados Unidos e as potências ocidentais não aceitaram dialogar com Putin e responder a seus reclamos, sobretudo sabendo que não poderiam intervir em caso de conflito militar. Isto é importantíssimo. Lembre-se que, na sua mensagem de anúncio do início da guerra, Vladímir Putin enviou uma advertência clara às grandes potências da OTAN, em particular às três que contam com armamento nuclear –Estados Unidos, Reino Unido e França–, recordando-lhes que Rússia “tem certas vantagens na linha das armas de última geração” e que ataca-la “teria consequências devastadoras para um potencial agressor”.

De que “vantagens na linha das armas de última geração” trata-se? Moscovo tem conseguido, nos últimos anos, ao igual que China, uma vantagem tecnológica decisiva sobre Estados Unidos em matéria de mísseis hipersónicos. Isto fai que, no caso dum ataque ocidental contra Moscovo, a resposta russa pudesse ser efectivamente devastadora. Os mísseis hipersónicos vão a uma velocidade cinco ou seis vezes superior à velocidade do som, ou seja a Mach 5 ou Mach 6, a diferença dum míssil convencional, cuja velocidade é de Mach 1. E podem transportar tanto bombas tradicionais como nucleares… Estados Unidos leva acumulado um importante atraso neste campo, a tal ponto que recentemente Washington obrigou a várias empresas fabricantes de mísseis ( Loocked Martin, Raytheon, Northrop Grumman) a trabalhar de maneira conjunta e destinou um  colosal orçamento para recuperar seu atraso estratégico com respeito a Rússia, que se calcula dentre dois e três anos. Mas por enquanto não o conseguiu. Os mísseis hipersónicos russos, calculando a trajectória, podem interceptar os mísseis convencionais e destruí-los dantes de que atinjam seu objectivo, o que permite a Rússia criar um escudo invulnerável para se proteger. Em câmbio, os escudos antimísseis convencionais da OTAN não tenhem esta capacidade contra os hipersónicos… Isto explica por que Putin decidiu ordenar a intervenção militar sobre Ucrânia com a segurança de que uma escalada por parte da OTAN era muito improvável.


Prévio, em teleSUR, em 25 de fevereiro, Ignacio Ramonet fora entrevistado pola jornalista Patricia Villegas na que expressava esta mesma sua opinião.

Acá tendes o vídeo da mesma:

CONFIRMADO!! Militares e gardas ucranianos som tam RACISTAS INUMANOS coma os españois

Dias atrás fazia a minha reflexom nestas páginas sobre a diferência de trato dos governos europeus em quanto ao trato dispensado polas polícias fronteiriças às refugiadas e peticionárias de assilo segundo seu lugar de procedência que intitulei: A EUROPA XENÓFOBA.- Violência Extrema das forças fronteiriças ucrainianas e españolas contra refugiadas e nela denunciava o feito de que nestes dias a Europa volta a demonstrar que a sua política de portas migratórias é muito generosa para com quem consideram seus iguais tanto na cor da pel coma em quanto a pecúnia dos seus petos mas não sucede o mesmo quando quem trata de cruzar esses mesmos passos fronteiriços som gentes de procedência africana ou asiática que levam anos tratando de chegar à Europa rica fugindo de outras guerras, da fame e da morte.

Hoje graças à laboura recopilatória do Manuel Tiseras numa RRSS, vos ofereço toda uma série de vídeos que recolhem ATITUDES RACISTAS, FASCISTAS, NEONAZIS, ou coma queirades chama-las, das forças armadas ucranianas para com refugiadas procendetes da África o Ásia e um outro tanto nas declarações de jornalistas enviados especiais à Ucrânia:

1. Vídeo de El País 28 fevereiro. UCRÂNIA: MIGRANTES que fogem da GUERRA denunciam RACISMO: Centenas de imigrantes que viviam em Ucrânia procedentes de África ou Ásia Central estão a atopar com filas intermináveis para poder chegar até a porta que lhes dá acesso a Polónia. Junto a esta fila de saída, uma outra reservada só para ucranianas, avança muito mais rápido, sem esperas eternas:


2. Vídeo de El Tiempo 1 de março. Ucrânia: Denunciam racismo nas evacuações, contra africanos e índios: Miles de migrantes africanas e índias denunciam discriminação na sua tentativa de fugir da Ucrânia. Alguns deles são estudantes que ingressaram a este país para se formar em medicina e engenharia, e afirmam que lhes retêm nas fronteiras e não lhes permitem entrar aos comboios, enquanto às ucranianas passam primeiro:


3. Vídeo de Euronews 2 de março. “Racismo na fronteira ucraniana.- Não vos ides ir, sobretudo os negros”: Vários estudantes denunciam discriminação racial contra pessoas de origem africana e asiática quando tratavam de abandonar Ucrânia:


4. Vídeo de Deutsche Welle 3 de março. “Denúncias de racismo na fronteira para sair de Ucrânia”: Muitos estrangeiros residentes em Ucrânia denunciam que eles recebem um trato discriminatório na fronteira e têm que esperar horas ao frio a que passem centos de ucranianos, dantes de que poidam cruzar eles:


5. Vídeo de teleSUR 4 de março. “Racismo mediático caracteriza cobertura ocidental sobre crise em Ucrânia”: O escritor e trabalhador comunitário Stephen Sefton, analisa as diversas maneiras em que os meios ocidentais manipulam as matrizes de opinião sobre os feitos que têm lugar atualmente na Ucrânia:


e 6. Vídeo de Noticias teleMundo 5 de março. “Africanos denunciam racismo e discriminação ao tentar sair de Ucrânia”: Afetadas usaram as redes sociais para mostrar como lhes bloquearam o passo ao traspassar a fronteira com Polónia ou como lhes impediam subir a um comboio só por sua cor de pele:

As Nações Unidas reconheceram estes casos de xenofobia.