O galego perde falantes na infância – Vivências causais ou casuais: 1º) O futebol

TORNEO RC DEPORTIVO – DIA DAS LETRAS GALEGAS

Na tarde do domingo passado, horário de assento zumbi-zaping por excelência, liguei na TVG a retransmissom dos partidos das semifinais e finais do XIV Torneo Real Club Deportivo das categorias Prebenjamim e Benjamim; e falo de retransmissom porque a jornada de competiçom fora celebrada na sinalada data do 17 de maio, Dia das Letras Galegas, na Cidade Desportiva de Abegondo entre 206 equipas de futebol espalhadas por toda Galiza e conformadas por rapazes e rapazas de até 10 anos (nessas categorias nenos e nenas jogam juntas, índa que eu só vim umha rapaza jogando na equipa que ficou de 2ª na categoria benjamim). E nom é que fosse umha casual coincidência jogar nessa data, senom e tal como figura na web deste peculiar torneio, essa é a data escolhida: “Todos os anos, desde 2004, o Dia das Letras Galegas é também o dia da festa do fútebol base em Abegondo”.

Sem dúvida umha ocasiom perfeita para comemorar ambos acontecementos juntos e poder espalhar assim a nossa língua num espaço de esparegimento, jogo e convívio durante mais de 12 horas entre rapazes e rapazas de curta idade.

Mas o meu goço num escuro e moi profundo poço

Porque a realidade, a triste realidade foi que nos intermédios das 2 finais (nas semis nom havia) um comentárista da TVG achegava-se com o seu micro aos treinadores em quanto estes impartilhavam novas consignas denantes de voltar ao terreo de jogo: dos 4 treinadores só um falou-lhes em galego. mas nom só, ao remate das partidas alguns crios forom tamém interrogados polo reporteiro, e pese a que este dirigia-lhes as perguntas em galego, todos os entrevistados, sem excepçom, respostaram em castelám, isso sim cada quem co seu sotaque particular e claro acento galego.

E nada raro baixo o sol

Se vissitas a web do torneio, dentre toda a documentaçom e informaçom facilitada, quero destacar esta que figura na entrada que da conta dumha ampla oferta de lezer e restauraçom e colo acá a grande variedade de “produtos galegos” que se lhes ofertavam as crianças para se alimentar nessa jornada: oito ‘foodtrucks’ dos que vos colo os seus nomes e especialidades polo curioso e porque nom crio que ninguém se pense que lhes fago publicidade: El Chef Nómada (hamburguesas), Toloache (comida mexicana), Lacón Lover (lacom fusom asiático-mexicana), Delapiccola (pizzas), La Pepita (hamburguesas), Don Pollo (polos assados), Helados La Ibi (gelados e lambetadas) e Le Boisson (coqueteis e zumes)… Tudo muito são e saudável e tam galegos como Gadis ou Coren. A foto que acompanha este apartado é sinifativa de por onde iam os tiros no uso do galego.

O galego em claro fora de jogo

Essa é a triste conclussom que quito desta minha experiência auditiva-visual zumbi-zaping: Umha moi boa ocasiom desperdiciada para fazer realidade a lenda que tanto prometia: “Todos os anos, desde 2004, o Dia das Letras Galegas é também o dia da festa do fútebol base em Abegondo”, mas que na verdade ficou em que, o clube Deportivo aproveita a data festiva do Dia da Letras Galegas para juntar equipas de futebol de crianças de toda Galiza e fazer do castelám o idioma único do futebol galego. Tampouco esperava eu muito mais dumha equipa que mantém no seu nome, e contra vento e “marea”, o topónimo nom oficial ou mais bem espanholizado de “LA CORUÑA”.

Ás crianças há que dar-lhe onde mais lhes gosta

Eu que som velho de mais como para ter tido a possibilidade de viver minha infância em galego -e isso pese a ter sido criado numha cidade galega- e que, de certa maneira, invejo a quem tiveram a sorte de viver sua infância e adolescência baixo o domínio televisivo do “Xabarín Clube por fucinhos por cacheiras…” daquela época gloriosa da TVG; na altura da minha vida seique ás crianças entram-lhe as ondas por onde mais lhe gostam e ai radicou o éxito do “Xabarín”.

Desse jeito o futebol é um cenário propício para potenciar o uso da nossa língua e mesmo poderia-se aproveitar o tirom galeguista do nosso jogador mais exitoso, quem renunciou a sua jeira espanhola e estrangeira que lhe dava seus bos emolumentos para estar perto da casa mesmo cobrando bem menos, o genial Iago Aspas, sempre galego falante com sotaque do Morraço ou mesmo de John Guidetti, home de origem sueco pero que gosta de dizer que “já nom som sueco, som galego” e que recebe entroutros o apelo de ‘O Xabarín’ e quem, segundo contam, “já sabe algo de galego e aos poucos vai-no aprendendo…”

Do mesmo jeito considero que a perda de falantes entre as infantes e adolescentes tamém vem da mão das novas tecnologias e da moi pouca presência que tem o galego normativizado da Junta em todos os jogos e aplicaçons de telemóvil que fam que as crianças tirem da opçom em castelám. Mesmo se o galego que se ensinara nas escolas, desde que começou a ser tema de estúdio, fosse o reintegrado, na altura nehuma criança galega teria que acodir ao castelám para poder jogar pois nom teria problema algum em atopar jogos, aplicaçons, filmes, teleséries e tudo quanto quiger e engancha, no seu galego internacional que, de momento índa é conhecido no mundo enteiro como português. Mas isso já é um outro cantar.

4 ideias sobre “O galego perde falantes na infância – Vivências causais ou casuais: 1º) O futebol

  1. Arsenista

    Olá gajeiro, gosto muito do texto e sua critica de fundo, mas paresceme um bocado irrisoria a reivindicaçom do Iago Aspas. Primeiro porque é um de tantos que falam galego nas equipas da Galiza, ejemplos também há no Dépor, Álex Bergantiños.

    O que sim que fixo sempre o Aspas foi dizer que o seu soño era jogar com o Celta e a selecçom espanhola, que se sinte espanhol, e polo tanto imagino que assume o “bilingüismo”.

    Dizer que “renunciou a sua jeira espanhola e estrangeira que lhe dava seus bos emolumentos para estar perto da casa mesmo cobrando bem menos”, é dicir muito. Iago Aspas foi um descarte do Liverpool e suplentíssimo do Sevilha, ele sabia que só volvendo a um clube que lhe desse protagonismo poderia acadar seu sonho, jogar com Espanha. E o clube ideal pra isso era obviamente o Celta. Assim que este hominho nom é nemhuma exceçom.

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  2. Pingback: Um curioso “zasca” que me remitirom co galho do Dia das Letras | ogajeironagavea

  3. Polix

    A obsessão anti-Dépor e pró-Celta, para além de perpetuar tópicos e preconceitos absurdos, acaba por entrar em cheio no terreno da mentira. Iago Aspas “galego-falante de sempre com sotaque do Morraço”? Façam favor, sejamos sérios. O que virá a seguir? Dizer que Hugo Mallo é sócio da Mesa Pola Normalización Lingüística? Ou que todos os treinadores e futebolistas nas categorias inferiores de Vigo e as suas redondezas são galego-falantes de gema? Lamentável e ridículo.
    É verdade que qualquer gesto a favor do galego de um jogador do Celta ganha uma repercussão que, por motivos óbvios, nunca tem um gesto homologável de um jogador do “La Coruña” que tanto odiais, mas que, nos últimos anos, fez um esforço em termos de identificação com a língua e a simbologia do país que deixou muitos celtistas chateados. Mas isso é problema vosso.
    Temos a Fabian Schär a partilhar mensagens continuamente em galego nas redes sociais. A Bergantinhos, que se desenrasca em galego com toda a naturalidade. Até o Mosquera está a fazer o esforço de falar numa língua que, embora corunhês de nascença, nunca falou. Acrescentemos ainda o Rubén Martínez etc.
    Ora bem, se quiserdes ficar com o título de “galeguíssimos entre os galegos”, ficai à vontade. Será apenas mais um complexo a acrescentar à vossa (por acaso não curta) listagem.

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